É notável o crescimento da adoção de metodologias ágeis em diversas empresas de desenvolvimento de software e aqui na Matera não é diferente. Desde 2011 temos experimentado métodos ágeis em busca de uma entrega de valor contínua para os nossos clientes. 

O caminho de “implantar” ágil nem sempre é tão fácil como é compartilhado em diversas literaturas ou blogs. Para encarar uma mudança tradicional de ciclo de desenvolvimento é necessário muita coragem. 

Coragem é um valor presente no Scrum e no eXtreme Programming (XP). No método Kanban podemos identificá-lo como atos de liderança, afinal, para liderar algo é necessário bastante coragem. 

Mas por que a coragem é tão importante no ágil? 

Quando penso em agilidade, penso muito em falhar. Penso muito em experimentar coisas novas até encontrar a melhor maneira para entregar valor ao cliente. E esta habilidade de falhar e experimentar envolve coragem e pioneirismo. Envolve lidar com um cenário desconhecido e isto costuma assustar alguns perfis. Além disto, falhar é algo que pode ser atribuído negativamente  dependendo da cultura do time ou da organização. 

Para ser ágil, precisamos ser pessoas corajosas e maduras ao saber que vamos falhar e precisamos aprender com elas e retroalimentar o nosso trabalho. Esta retroalimentação é chamada de aprendizado. O que precisamos entender é que somos imperfeitos e não sabemos de tudo. Talvez o título do livro de Brené Brown resume bem o que quero dizer: “A coragem de ser imperfeito”.

Quando buscamos agilidade, estamos buscando responder mais rápido às mudanças do que seguir um plano. E responder às mudanças envolve querer ser protagonista: precisamos ter coragem e iniciativa de puxar um assunto e entregar valor independente de um plano claro definido por uma pessoa. 

Como  desenvolvedores precisamos ser corajosos em deixar o código melhor do que ele estava antes (lembrando do lema do escoteiro, citado por Robert C. Martin em seu livro Clean Code). 

Mas como desenvolver coragem? 

Para desenvolver a coragem, considero os pontos abaixo essenciais:

• falhe em cenários pequenos

• crie validações de segurança (checkpoints)

• falhe, avalie e aprenda (retroalimente o seu trabalho com aprendizado)

• falhe num ambiente seguro

Exemplificando os pontos na visão de pessoa desenvolvedora:

• falhe em cenários pequenos

  (USE TESTES UNITÁRIOS)

• crie validações de segurança (checkpoints)

  (USE O GIT A SEU FAVOR ATRAVÉS DE PEQUENOS COMMITS)

• Falhe, avalie e aprenda (retroalimente o seu trabalho com aprendizado)

  (USE TDD E REFATORAÇÃO)

• Falhe num ambiente seguro

  (TENHA INTEGRAÇÃO CONTÍNUA DE SOFTWARE)

Exemplificando os pontos numa visão de pessoa testadora:

• falhe em cenários pequenos

  (CONHEÇA A DEMANDA JÁ NO INÍCIO DELA (na replenishment (Kanban) ou planning (Scrum))

• crie validações de segurança (checkpoints)

  (SIGA UM PLANO DE TESTES)

• Falhe, avalie e aprenda (retroalimente o seu trabalho com aprendizado)

  (DOCUMENTE E COMPARTILHE AS FALHAS E AUTOMATIZE PARA NÃO ESQUECER)

• Falhe num ambiente seguro

  (TENHA UMA SUÍTE DE TESTES AUTOMATIZADOS COM BOA COBERTURA)

É possível medir a minha coragem e a do meu time? 

Sim, é possível! :) 

A resposta destas duas perguntas, irão dizer o quão corajoso(a) você e seu time são:

• Como eu respondo ao estresse (pressão) de uma demanda? 

• Como o time responde ao estresse (pressão) de uma demanda? 

Olhando para tudo isto, entendo que se não buscarmos entender este valor ágil, provavelmente iremos ter mais e mais adoções de ágil não gerando valor. Estar no ágil só por estar é um convite ao insucesso e ao desperdício de tempo, dinheiro e satisfação de colaboradores. 

A coragem é a argamassa que une todas as práticas, métodos e frameworks ágeis. Se você não tiver, não vai dar certo. 

Para saber mais deste tema, acesse os slides de uma palestra que fiz na Matera e acesse um post que fiz especificamente sobre este tema para pessoas desenvolvedoras.

• Slides:

  https://pt.slideshare.net/tiofusca/coragem-um-valor-gil-talvez-esquecido

Coragem, por que esconder isto dentro de você, querida pessoa desenvolvedora? :